Conhecendo Santa Clara – Cuba | Museus, Revolução Cubana, Mausoléu de Che Guevara

Prédio Histórico, Hotel Teatro

Agora é minha vez de falar um pouco mais. Para mim, de longe, Santa Clara era o lugar que mais desejava visitar em Cuba. O motivo é o mesmo que leva centenas de turistas ao país para refazer o caminho da revolução: a imagem heroica de Ernesto Guevara de La Serna – El comandante Che.

Logo no centro da cidade é possível visualizar uma antiga construção que ainda tem marcas de balas de fuzil, da época de revolução encabeçada por Fidel Castro.

Antigo Hotel em Santa Clara
Antigo prédio onde ocorreu uma das históricas batalhas em Santa Clara. Ainda é possível ver diversos buracos das balas do confronto original

Santa Clara marca uma das batalhas finais da Revolução Cubana, pois, por ali, ocorria o transporte de armamento e homens do exército de Fulgêncio Batista. Ao tomar a cidade, Che cortou a comunicação do exército e abrigou as tropas inimigas a utilizarem o pobre sistema aéreo para translado. O ponto mais importante da batalha, que se iniciou em 15 de dezembro de 1958 e terminou em 1 de janeiro de 1959, foi o descarrilamento do trem blindado, em 29 de dezembro. Hoje, os vagões do trem, objetos encontrados nele, exemplos das armas levadas pelo exército de Batista e até mesmo exemplares de uniformes e das redes utilizadas pelos soldados ficam em exibição no Monumento da Tomada do Trem Blindado. Junto aos vagões, também está o trator utilizado pelas tropas revolucionárias para retirar os trilhos. Como consequência da vitória em Santa Clara, o ditador Fulgêncio Batista fugiu de Cuba para a República Dominicana.

 

Bazuca e Anti Aéreo em trem blindado
Exempo de bazuca, Metralhadora e armamentos pesados capturados dentro do trem blindado

O que mais me chamou a atenção, não só no monumento do Trem Blindado, mas em outros pontos históricos ligados à revolução, é a preservação dessa história nos mínimos detalhes: até mesmo as marcas de tiros são conservadas nos monumentos. Esses detalhes me impressionaram muito, junto aos objetos pessoais de vários combatentes (até mesmo um cinto ensanguentado de um dos comandantes da revolução está exposto) – o que leva, pelo menos para mim, a uma apreensão completamente diferente daquele período. O que, antes, era apenas uma idealização romantizada ganhou uma dimensão mais real, mais humana, mais impactante e gerou uma sensação imensa de respeito por um povo que lutou tanto pela sua liberdade (não só durante a Revolução Cubana, mas também nas Guerras de Liberdade lideradas por José Martí).

Busto de José Martí
Monumento em homenagem a José Martí

Não à toa, nos deparamos com vários bustos e estátuas de José Martí e várias representações de Dom Quixote: são figuras heroicas que marcam profundamente a cultura cubana.

Estátua em ferro de Dom Quixote
Mais uma das homenagens a Dom Quixote

Foi com essa sensação que visitei o monumento do Trem Blindado, depois de visitar o Mausoléu do Che. Ao chegarmos, a grandiosidade do monumento nos impressiona. É um contraste impactante com a simplicidade da cidade. Logo de cara, pode-se ver uma enorme estátua de Che, em uma postura grandiloquente como se observasse os frutos de sua dedicação pela liberdade das Américas. Na base da estátua, está transcrita a carta de despedida de Che a Fidel Castro, mesma carta que encontramos exposta no museu, ao lado direito do mausoléu. No museu, que tem a entrada gratuita mas não é permitido tirar fotos, podemos ver objetos pessoais de Che, fotos dele quando criança, cadernos escolares e até mesmo as cinzas de Alberto Granado, seu amigo e companheiro de viagem pela América do Sul em 1952. Toda sua história está ali: os livros que levava em todas as viagens (até mesmo nas batalhas), sua máquina de escrever, suas cartas… Ver esses objetos antes de visitar o mausoléu é realmente uma viagem à sua biografia. Ao sairmos do museu, no vão entre o museu e o mausoléu, há uma pequena exposição que mostra a recepção internacional da figura do Che e comentários das mídias internacionais da época. Do lado esquerdo, fica o mausoléu do Che e de seus companheiros mortos durante a guerrilha na Bolívia, em 1967 (o corpo de Che só foi recuperado 30 anos depois de sua execução, em 1997, quando é transladado para Cuba e enterrado no mausoléu).

Mausoléu para Che Guevara em Santa Clara
Mausoléu para Che Guevara com a histórica carta de despedida de Che Guevara para Fidel Castro em Santa Clara

Para visitar os túmulos, precisamos ficar em fila indiana, pois o espaço é pequeno e fechado. Dentro, logo na entrada, há um pequeno jardim à esquerda, representando, suponho, o cenário típico das guerrilhas na América do Sul. Junto ao jardim, há também uma pequena fonte cujo ruído constante, junto à brisa e à luz que perpassam pelas arestas ao fundo, dá ao local um tom ainda mais melancólico. Envolvidos por esse cenário, pelo som respeitoso dos passos, ver as imagens que representam os rostos do combatentes é emocionante. Ao centro, está o túmulo de Che, nele, está a representação clássica de seu rosto, mas agora gravado em bronze e com olhos que parecem seguir nossos passos pelo aposento. Próxima está a chama perpétua, que no dia 1 de dezembro de 2016, iluminou também as cinzas de Fidel em seu último encontro com Che.

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